Ouse perguntar

Adorei esse convite. Primeiramente porque ousar já me soa como uma provocação, um convite daqueles: se joga que é bom! Logo me perguntei: quando foi a última vez que perguntei?

 

Me surpreendi pensando em vários momentos que eu poderia ter perguntado e distraidamente deixei passar, quando eu estava com a pergunta na ponta da língua ou do teclado e preferi “deixar para lá” desencorajada pelo julgamento de que seria algo bobo e poderia atrapalhar.

 

Participar do webinar da Teya com a escritora Els Dragt do livro Dare to Ask, recentemente lançado na Amazon, foi uma escolha certeira! Entender que vivemos uma cultura que tem as respostas como protagonistas e que o próprio sistema de ensino nos avalia pelas respostas certas e ainda reforçamos isso durante a vida adulta no trabalho, fica evidente que perguntar não é a nossa prioridade.

 

Compartilho com vocês os 4 principais aprendizados, vamos começar?

 

1. “as perguntas são importantes antes de tirarmos conclusões”

 

Quantos mal-entendidos ou novas soluções poderiam ter surgido se no meio do caminho houvesse perguntas? As que julgamos bobas, estúpidas, óbvias, boas, excelentes e provocativas. Não existe adjetivo para uma pergunta, ela sempre pode ser o start de algo novo, de novas conexões e conclusões.

 

Somos imediatistas, respondemos sem ao menos prestar a devida atenção as perguntas, pelo simples fato de ter a resposta!

 

Quando for concluir ou lançar uma opinião pré-concebida, respire e pergunte-se: já esgotei as minhas perguntas?

 

 

2. Perguntar é mostrar-se vulnerável

 

Para perguntar é preciso abraçar a vulnerabilidade, que é diferente de fragilidade, mas muitas vezes não conseguimos distinguir uma coisa da outra.  A vulnerabilidade é definida como aquilo que experimentamos em momentos de incerteza, risco e exposição. Ela nos deixa ansiosos e com medo.

Para Brené Brown, estudiosa do tema, o problema é quando evitamos situações e relações porque provocarão esse sentimento. Ter coragem para arriscar, viver experiências novas, dizer coisas importantes, tudo isso implica abraçar a vulnerabilidade.

 

Você já deixou de questionar para evitar a vulnerabilidade?

 

3. Perguntas ganham vida

 

Muitas vezes uma pergunta nos acompanha por dias e desperta um processo de reflexão profunda. Essa é uma prática muito usada nos processos terapêuticos para que a pessoa encontre a sua resposta internamente e um excelente exercício para nos desafiar ir além.

 

Quando uma pergunta é bem-feita abre-se um caminho aonde o importante não é a chegada, o ter a resposta e sim a jornada e as inúmeras outras perguntas, emoções e reflexões que surgem no caminho.

 

Quantas emoções você já viveu com uma simples pergunta?

 

4. O modo perguntador é uma habilidade do futuro

 

Durante toda a troca ficou evidente que o modo perguntador aciona a curiosidade, a empatia, a vulnerabilidade além de ser uma excelente ferramenta na solução de problemas complexos, por isso entendo que não dá para pensar no futuro do trabalho sem essa habilidade. 

Hoje o mundo do trabalho tem os questionamentos como algo improdutivo, muitas vezes desconfortável e até inapropriado diante das hierarquias, mas este modelo de pensar e agir está com os dias contados.

 

O novo líder sabe ser vulnerável, compartilha suas dúvidas com o time e os convida a cocriar as soluções.

 

Para começar desde já acionar ou acelerar o modo perguntador listei algumas práticas que podem contribuir neste processo:

 

  • Abandone os filtros e julgamentos e resgate a sua criança curiosa, que transbordava questionamentos como um processo natural do seu aprendizado e desenvolvimento.
  • Reset a sua mente e imagine sendo a primeira vez diante de um projeto, de um relacionamento, de um desafio. O que você perguntaria? Esse é um excelente exercício para nos revelar o que já está no automático, mas que pode ser questionado!
  • Cuide da forma que você questiona, o tom de voz, a postura, o olhar, tudo contribui para criar um espaço aberto e de confiança. Lembre-se de estimular que as outras pessoas perguntem.
  • Invista nas perguntas abertas para criar um ambiente seguro e livre de vieses.
  • Pratique, pratique, pratique esse é o segredo para aguçar o seu modo perguntador. O convite da Els é a prática do Question Storming.  Você apenas precisa acionar o modo perguntador e registrar em post its. Faça perguntas colocando-se no lugar de outras pessoas ou personagens: O que o Pantera Negra perguntaria? Vestir os sapatos do outro nos dá liberdade e confiança para ousar.
  • Essa é uma excelente prática para abrir uma reunião de projetos, para trabalhos em equipe em busca de soluções inovadoras.

 

Adotar uma postura questionadora exige de nós um espírito exploratório e abertura para acessar o que tem mais de original e verdadeiro nas pessoas.

 

Vamos juntos nessa?

 

Pipah _ nosso propósito é conectar o autoconhecimento e a cultura do nosso tempo ao trabalho gerando impacto positivo nas pessoas, empresas e no mundo.